quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Cala a Boca, Idiota!


Poucas coisas me fazem escrever nesse blog, que eu criei há uns 5 anos e utilizo muito menos do que poderia. Os últimos textos eram piegas, sobre amores e paixões que hoje não significam mais nada.

E não é que o amor e a paixão me inspiraram mais uma vez?

Só que dessa vez pra falar de um homem. Um homem que sabia amar: Marcelo Pompeu, o Mineiro.

Conheci o Minas no meu primeiro dia na Bullet. Me falaram pra chegar cedo e o cara chegou dez e lá vai pedrada. Ok. Pelo menos, chegou se apresentando “E aí, velhinho, ocê que é o novo redator? Prazer, Mineiro, seu dupla.”. Pensei “O cara é gente boa.”, mas no fim do dia meu pensamento já tinha mudado “O cara fala pra cacete, pior que mulher”. Mas, por coincidência, ele também ia em direção ao trem pra ir embora e fomos conversando. E foi assim por mais de 365 dias: “Tá saindo fora?” “Tô.” “Então, vamo aí.” “Calma, deixa eu dar uma mijada antes.” “Bora parar pra comer aquele milho?” “Tô sem grana.” “Eu pago.”.

Eram dez minutos entre a Bullet e a estação de trem, onde ele seguia pra Marginal pegar o ônibus e eu seguia pra catraca. Tempo suficiente pra ele falar, falar, falar. E eu ouvir, ouvir, ouvir. Tempo suficiente pra eu entender que ele era um homem com quatro paixões na vida: a música, a cerveja, os cachorros e, claro, a Silvia.

Como ele amava essa mulher. Era a razão da vida dele. Fazia tudo por ela. Pra ela. E ficava triste quando os horários não batiam e eles não conseguiam conversar no café da manhã. “Porra, véi, é a única hora que eu tenho pra conversar com a minha esposa. Eu dou valor a essas coisas.”. E não só a essas. Dava valor ao pão de queijo da tia da Silvia, que, segundo ele, tinha reinventado a forma de se fazer pães de queijo. Dava valor ao passeio com a Lola, às 15 cervejas que tomava vendo o jogo do Flu, à Le Dog, à recém-nascida Bones, à Turma da Mossadin, à sua Itajubá. Dava valor a uma coisa chamada vida. Talvez, por isso, se preocupava tanto com ela.

Mas é claro que ele tinha defeitos: achava 300 o maior filme de todos os tempos, torcia pro Fluminense, se autodenominava “O
Único Diretor de Arte e Gato” do mercado. Isso sem falar que era um mineiro que não gostava de almoçar em restaurante de comida mineira.

Eu sou ateu e agnóstico. Mas acredito que algumas coisas acontecem porque...porque, simplesmente, acontecem. E quis o destino que o Pompeu, e não o Mineiro, se despedisse da gente no Dia do Músico. Porque antes de ser publicitário e um dos melhores diretores de arte com quem tive o prazer de duplar, ele era músico.

Vá com o seu deus, meu parceiro. E não se esqueça de mostrar pra ele a sua Nossa Senhora tatuada no braço. Se cruzar com o Elvis, aproveite pra treinar o seu inglês. O Peter vai ficar orgulhoso.

PS: o título desse texto era a forma gentil como ele me respondia toda vez que eu o provocava, dizendo que Elvis era viado. É como eu sempre digo: não há maior prova de amizade que uma agressão gratuita.

Um comentário:

Rafa Amaral disse...

Lindo.