quarta-feira, 18 de abril de 2007

Joaquim vai à Copa. Joaquim, lá vai a Copa.

Antes mesmo que acabasse o jogo entre os cavangos e os damaras, pelo campeonato nacional de futebol namibiano, Joaquim já não se agüentava em pés de tão embriagado. De nada adiantava ser quadrúpede se a cerveja era alcoólica. E alemã. - sim, no bar do Rino só vendia cerveja alemã. Pra ele tudo que fosse importado era melhor, ainda mais se fosse alemão.

Joaquim chamou a saideira e pediu pra que Rino colocasse na conta, como de costume:

- Você já não bebeu demais, Joaquim?
- Demais ainda não, hoje vou ficar só na cerveja mesmo. Traz mais uma, Rino, e vem tomar comigo.

Como Joaquim tinha o hábito de ser o último cliente a ir embora do bar, Rino não achou problema acompanhá-lo na última da noite.

- Rino, por que mesmo que você só vende cerveja alemã?
- Por que são as melhores. Tudo que há de melhor está na Alemanha.
- Eu gostaria de conhecer a Alemanha.
- Cala a boca, Joaquim. Você não passa de um girafão. O máximo que conseguiria era ser a atração principal de um zoológico neonazista.
- E por que não? Não é má idéia.
- Porque na Alemanha não existe zoológico neonazista.

Ao fim da conversa, Joaquim foi embora e, mal sabia Rino, para nunca mais voltar. A Copa do Mundo aguardava, sem saber, esse girafão de quatro metros e meio. Sua viagem não foi nada fácil. Teve que enfrentar os leopardos de Congo, os camelos do Sudão, a Revolução Mauritana – pois, se perdeu e foi parar no oeste Africano. Atravessou o Canal de Suez disfarçado de zebra com lordose, adentrou o Oriente Próximo, presenciou movimentos separatistas na Iugoslávia, até chegar ao seu destino a tempo de pegar a decisão por pênaltis.

Sentou na última fileira, curvado, pois o estádio era coberto. Comprou pipocas, cerveja e cachorro-quente. Parecia até que estava assistindo ao esporte errado. Afinal, basebol é do outro lado do Atlântico.
Mas antes o esporte fosse basebol. A Alemanha perdeu a decisão por pênaltis e o técnico alemão avistou Joaquim lá no alto e ordenou para que o prendessem. Pois é, Joaquim ainda não havia tirado o disfarce de zebra com lordose e foi preso pelas autoridades alemãs por atentado à sorte. Mas nem por isso deixou de comer seu cachorro-quente e tomar sua cerveja alemã. Ele estava feliz, tinha conseguido o que queria, conheceu a Alemanha. E a Alemanha conheceu Joaquim.

Um comentário:

Anônimo disse...

Quantas bolachas para escrever isso? Hahaha!